Olá amigos,
passado o Carnaval, é o momento de guardar ( ou rasgar) a fantasia, ou ainda agarrar-se a ela, e fazer um Carnaval por onde passar.
Janeiro passado, foi o momento de uma grande experiência artística, participar da montagem "Fragmentos de um sonho na casa de meus antepassados" dirigida por Leandro Zappala. Sim, uma experiência fascinante, e por um momento me imaginei como sendo um personagem, músico errante, preso àquela paisagem, como se estivesse dentro de um filme. Um elenco concentrado, circunspecto, nem uma batida de porta por uma rajada de vento desviava-lhe a atenção. E contracenar, contrapontuar ao lado dos amigos Zappala, Anna e Andrés, fora os novos amigos do elenco local,todos de parabéns. Voltei numa segunda de manhã, fria e chuvosa, corriam lágrimas espessas como as gotas de chuva, já era uma saudade, mas que agora se consubstancia no momento eterno de viver o presente. E Andrelândia foi um presente. A Igreja da Matriz, a Praça, suas ruas de paralelepípedos, o vento, tantas palavras, pessoas, sim, verdadeiras pessoas, o rio do turvo, o frio, a banda de fanfarra, a farra até o raiar da barra do dia, e a hora de guardar ( ou rasgar) a fantasia, ou ainda agarrar-se a ela, e ser, eternamente.
A hospitalidade mineira, um cafezinho, uma broa de milho, um dedo de prosa.
O piano de cauda ecoando pela sala, da casa que vive há mais de dois séculos. O Senhor Azevedo que pedia ao sineiro que tocassse o sino, e o Barão do Cabo Verde que acometido de enxaqueca, pedia-lhe para parar. Estas cenas foram há muito tempo, mas pareciam estar lá, conosco, vivas na memória de um povo que ainda guarda a sua memória,
Embebedai-vos! De vinho, arte ou virtude!"
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