sábado, 23 de maio de 2009

Breve homenagem à Zé Rodrix

Talvez fosse 1979, não me recordo bem. Já naquela ocasião, a musica era uma companheira inseparável, e eu realizava meus deveres de casa com o Radio ligado. Ouvindo de tudo um pouco, sem restrições. Ainda era menino, mas me lembro como se fosse ontem de uma musica que falava de Jonas, que vivia dentro de uma baleia. Aquela narração, com o timbre grave e incomparável daquela voz, causou estranheza. A imagem de Jonas na baleia, perguntei a minha mãe o que era aquilo, se era verdade o que ele estava dizendo. E talvez, ela tenha respondido que sim, pois estava no livro, ou tenha apenas desconversado, com alguma frase do tipo: - criança tem cada uma! E aquela melodia ficou na minha mente até hoje, e até hoje quando escuto esta canção, lembra da estranheza que senti aos meus sete, oito anos.A imagem, o timbre da voz, a melodia, tudo me soava intrigante.E penso que soe até hoje como musica aos meus ouvidos.

domingo, 17 de maio de 2009

dividir para conquistar

Uma das prerrogativas do mercado de bens culturais, é a etiqueta. Não no sentido de regras de boas maneiras, mas sim, como categorias estanques onde possa caber o trabalho deste ou daquele artista em prateleiras. Para um artista, não ser etiquetado, é como estar fora do mercado. O violinista norte-americano Leroy Jenkins atribuia a esta compartimentação da arte musical em pequenas gavetas de gêneros, modalidades ou estilos, à raizes históricas mais profundas. Segundo Jenkins, " Essa 'coisa' de dividir para conquistar somente se dispersa pela sociedade, não somente em música, mas em tudo aquilo que fazemos".
Muitas vezes, observo como outsider a arte que estou produzindo, e pensando na variedade de matizes com as quais estou trabalhando, fico hesitante em escolher uma categoria onde eu possa ser etiquetado.E minha arte segue à margem dos escaninhos mercadologicos.
Ao lançar um novo produto, a equipe de propaganda de uma gravadora, pensa minunciosamente em que segmento, para que público específico este produto será comercializado. Quais serão seus canais de veiculação. O público também reage na mesma moeda. Há o público clásssico, o jazzista, o sambista, o forrozeiro. Mas será? Em meio a segmentação cada vez mais acentuada do mercado fonográfico, a divisão chegou ao ponto da perda de supostas identidades musicais que configurariam estas divisões. E o grande armário da música, foi recebendo em suas prateleiras, um número de divisões incontáveis. Talvez estajamos a um passo de um novo momento, onde o rótulo começaria a falar por si só. Algo como " Este artista é este artista", longe das generalizações, panéis totalizantes que tentam contextualizar o que já está por si só contextualizado. Até porque, hoje há muitos trabalhos em música, realizados numa perspectiva dissociada de territorios culturais.

domingo, 3 de maio de 2009

Léo Rugero no myspace

acabei aderindo ao Myspace. Em minha página, a pedido de alguns amigos algumas composições gravadas de 2007 para cá. Meu URL é http://www.myspace.com/leorugero .
Quem tiver um tempinho, o sitio estará aberto para a visitação pública...

domingo, 29 de março de 2009

sanfona de 8 baixos

Olá amigos,
Novo blog. Para aqueles que se interessam pelo fole de 8 baixos, estarei adicionando informações, videos, noticias e ensaios sobre a sanfona de 8 baixos em sanfonade8baixos.blogspot.com

terça-feira, 24 de março de 2009

versatilidade é crime? carta-aberta de um multi-instrumentista discriminado por uma pianista especialista

Ao longo da historia da música brasileira, são muitos os exemplos de instrumentistas que poderiam receber o titulo de "homem dos sete instrumentos". Versatilidade sempre foi uma qualidade brasileira. Se por um lado, jogando nas onze posições, perdemos em concentração, ganhamos em termos de visão ampla do jogo. Esta perspectiva mais renascentista do que romântica,não cria especialistas, é fato.Mas pode abrir espaço à experiências altamente significativas.
Vamos a alguns exemplos no campo dos instrumentistas:
1) Garoto.(1915 - 1955)
Se o lendário Anibal Augusto Sardinha, nosso querido "Garoto" é hoje lembrado sobretudo por sua obra violonistica, considerada por muitos criticos a mais alta expressão do violão solo no âmbito da música popular, não pensem que o afamado violonista viveu apenas às custas do violão. Sua primeira alcunha, aos 13 anos, foi "Garoto do banjo", o que denota a sua dedicação inicial a este instrumento.Além de banjo, Garoto também se dedicou ao cavaquinho, bandolim,violão tenor, viola dinâmica,guitarra havaiana, guitarra eletrica, tendo inclusive gravado como solista brilhante nestes diversos instrumentos.
Ah, e ainda teve tempo, no breve espaço de 40 anos de vida, de escrever arranjos orquestrais,canções, entre outras estrapolias mais!
2) Luperce Miranda (1904 - 1977)
Quando se fala em bandolim brasileiro,de pronto surgem duas referências fundamentais: Jacob do Bandolim e Luperce Miranda.
De uma destreza incomum, foi um interprete marcante na linguagem do choro carioca. Mas, por trás do bandolinista, estava o artista que tocava piano, viola caipira, violino e violão, entre outros instrumentos.Além de instrumentista, atuou como professor na Academia de musica de Nilopolis.
3) Zé Menezes (1927)
Zé Menezes de França também é uma referência no panorama do violão brasileiro contemporâneo.No entanto, muito além do violão, este instrumentista tca uma variedade indescritível de cordas dedilhadas e palhetadas, com intensa atuação nos estudios de gravação e nos palcos.
4) Hermeto Pascoal (1936)
Hermeto é, antes de tudo, um transgressor. Regional e universal a um só tempo.E sua trajetoria foi marcada pela adição de vários instrumentos ao longo da carreira. Da flauta de mamona, se afirmando na sanfona de 8 baixos, passa para o a cordeon, chega ao piano, encontra a flauta transversa...Creio que nem o próprio Hermeto sabe quantos instrumentos ele toca atualmente. E como toca.Indistintamente, cordas, sopros e teclas.Sem esquecer os tambores.Pode-se incluir os penicos. E até mesmo os brinquedos.
5) Egberto Gismonti (1947)
Ao falarmos deste nome, é falar de alguém que é pianista e violonista ao mesmo tempo. Capaz de solar um concerto para piano e orquestra e um recital solo para violão.
Pronto. Não vou me estender em demasia na enumeração de exemplares "multiinstrumentistas"brasileiros.Acredito que os musicos citados são casos bem ilustrativos deste processo muito comum em nossa cultura, que alguns acadêmicos plantonistas querem, a todo custo, refrear.
Apenas gostaria de tecer alguns comentários a partir da experiência edificante destres valorosos profissionais.
a)Todos os exemplos citados são de músicos nascidos na primeira metade do século XX, e que já compõe o que chamamos carinhosamente de "velha-guarda"da musica brasileira instrumental.Isto exemplifica, que a versatilidade não é algo tão novo quanto pareça, embora as instituições acadêmicas ligadas ao ensino de música ainda não parecem ter observado isto, ou ainda não sabem lidar com estes camaleônicos seres mitologicos.
b)Nenhum dos instrumentistas citados, simplesmente "arranham" os instrumentos que compõe (ou compuseram) o seu arsenal.Tocam magistralmente, podendo ser chamados de solistas da diversidade.Verdadeiros pais holisticos da multidisciplinaridade.
c)Se admite o flautista versátil, que sai da flauta transversa e parte para o saxofone.Igualmente, a formação do percussionista não passa pela especialização, a não ser em casos excepcionais de alguns vibrafonistas.Então porque discriminar os multiinstrumentistas que passeiam indistintamente (como o meu caso particular) pelas cordas e teclas?
d)Por que um instrumentista versátil não pode atuar na educação musical, lecionando instrumentos diversos? Uma coisa é "ensinar" a alguém a arte de um instrumento, outra coisa é a "especialização", quando o aluno tem que procurar o professor-especialista no fito de aprofundar a sua linguagem instrumental, para finalidades especificas da formação musical.
e)Há muitos campos de expressão na música.Os jovens não devem, creio eu, se sentir confinados à poucas possibilidades além de virar um solista nos moldes tradicionais, mais um professor de musica ou uma estante de orquestra. Não que solistas eruditos, professores ou musicos de orquestra não mereçem todo o respeito, mas a escolha deveria ser mais vocacional do que causada por uma falta de perspectivas de profissionalização mais amplas.
Desabafo
Sou multiinstrumentista, e embora tenha me graduado em violão clássico, meu desempenho ao piano (instrumento no qual sou AUTO-DIDATA) não é inferior ao violão.Outra coisa: o canudo e os professores não dizem tudo a respeito de um musico.Todos os acima citados, à exceção de Gismonti, são praticamente auto-didatas, e afirmam em suas obras a força criativa comandada pela intuição.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Embolando o côco

No Brasil,devido a infima importância que a cultura recebe, trabalhos independentes costumam ficar engavetados por anos...
Em 2002, se não me falha a memória,gravei minha participação no disco do percussionista Reppolho, intitulado "Zabumbeat", que agora é finalmente lançado de forma independente.Lembro bem das circunstâncias.Foi numa tarde cinzenta de inverno, no estúdio da Warner Chappell, na Gavea.Fizemos o arranjo na hora, a base já estava gravada, coloquei o violino por cima.Foi uma saborosa tarde musical, daquelas que deixam saudades...
O tempo passou, e eis que o Reppolho me liga na samana passada para tomar nota dos meus dados, pois finalmente o disco está saindo do forno de forma oficial. Ouvi novamente a faixa "Embolando o coco", da qual participei, e gostei muito do resultado.
Para quem quiser conferir esta, e outras faixas deste disco, basta clicar na página de Reppolho no Myspace.
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=421839696