domingo, 17 de maio de 2009

dividir para conquistar

Uma das prerrogativas do mercado de bens culturais, é a etiqueta. Não no sentido de regras de boas maneiras, mas sim, como categorias estanques onde possa caber o trabalho deste ou daquele artista em prateleiras. Para um artista, não ser etiquetado, é como estar fora do mercado. O violinista norte-americano Leroy Jenkins atribuia a esta compartimentação da arte musical em pequenas gavetas de gêneros, modalidades ou estilos, à raizes históricas mais profundas. Segundo Jenkins, " Essa 'coisa' de dividir para conquistar somente se dispersa pela sociedade, não somente em música, mas em tudo aquilo que fazemos".
Muitas vezes, observo como outsider a arte que estou produzindo, e pensando na variedade de matizes com as quais estou trabalhando, fico hesitante em escolher uma categoria onde eu possa ser etiquetado.E minha arte segue à margem dos escaninhos mercadologicos.
Ao lançar um novo produto, a equipe de propaganda de uma gravadora, pensa minunciosamente em que segmento, para que público específico este produto será comercializado. Quais serão seus canais de veiculação. O público também reage na mesma moeda. Há o público clásssico, o jazzista, o sambista, o forrozeiro. Mas será? Em meio a segmentação cada vez mais acentuada do mercado fonográfico, a divisão chegou ao ponto da perda de supostas identidades musicais que configurariam estas divisões. E o grande armário da música, foi recebendo em suas prateleiras, um número de divisões incontáveis. Talvez estajamos a um passo de um novo momento, onde o rótulo começaria a falar por si só. Algo como " Este artista é este artista", longe das generalizações, panéis totalizantes que tentam contextualizar o que já está por si só contextualizado. Até porque, hoje há muitos trabalhos em música, realizados numa perspectiva dissociada de territorios culturais.

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